No início da tarde do dia vinte e cinco de Janeiro de 2019 ocorria em Minas Gerais o maior crime socioambiental da história do Bras...

Vale mais o Lucro que a VIDA


No início da tarde do dia vinte e cinco de Janeiro de 2019 ocorria em Minas Gerais o maior crime socioambiental da história do Brasil, o pior de todos os “acidentes” de trabalho que matou 259 pessoas e deixou 11 desaparecidos, em Brumadinho, foi causado pela mineradora Vale.
Acidente que posteriormente foi elucidado como crime, já que a empresa sabia do risco de rompimento e não possuía plano de fuga ou mesmo havia alertado os funcionários. Além de utilizar o modelo de barragem a montante, o mais barato e menos seguro, a empresa construiu o refeitório abaixo da barragem, e a tragédia ocorreu durante horário de almoço.
As marcas da tragédia ainda hoje são evidentes nos locais atingidos. Não somente as vidas que foram ceifadas mas também o assassinato de um rio do qual dependiam diversas famílias de pescadores e agricultores. Na região atingida falta água potável, o turismo deixou de existir, a população não tem acesso à saúde e a políticas públicas e a agricultura está abandonada devido a contaminação do solo e da água pelos rejeitos.
A lama tóxica não deixou somente os moradores adoecidos do físico no entanto as doenças mentais como depressão acometem os antigos que perderam seus familiares, seu lugar onde cresceram e construíram suas vidas, perderam o rio de onde tiravam o sustento.
A poeira com metais como: ferro, chumbo, manganês, alumínio, mercúrio, compostos derivados de amônia e sílica, afeta a pele e os pulmões dos moradores.
A Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, em um levantamento preliminar, identificou 498 famílias de agricultores familiares que foram impactadas direta ou indiretamente pela lama tóxica.
Depois da repercussão mundial desse crime foi feito um Termo de Acordo Preliminar (TAP) firmado em fevereiro de 2019, o pagamento emergencial – com valor limitado a até um salário mínimo – é atualmente parte do sustento de 108 mil pessoas, que vivem na área entre Brumadinho e o município de Pompéu – a 273 km do local do rompimento da barragem. A Vale cortará pela metade o auxílio emergencial de pelo menos 93 mil pessoas que vivem ao longo dos 48 municípios impactados pela lama despejada na bacia do rio Paraopeba.
O jornal Folha de São Paulo divulgou que na terceira semana de Janeiro de 2020, um ano após o crime, a empresa Vale atingiu o valor de mercado de R$ 301 bilhões, R$ 5 bilhões a mais do que registrava quando do a barragem se rompeu.
Em dezembro, a mineradora anunciou a distribuição de R$ 7,25 bilhões a acionistas, pelos resultados da empresa em 2019. O valor é maior que o total investido nas reparações socioambientais do crime de Brumadinho que foi apenas R$ 6,55 bilhões.
Para a empresa os lucros valem mais do que as vidas dos 270 que morreram na tragédia. Esse nível de importância é perceptível desde o projeto da barragem, o tipo a montante mesmo sendo menos seguro é mais barato de se construir.
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) afirmou em que a Vale e a empresa de consultoria TÜV SÜD emitiam falsas declarações de condição de estabilidade de pelo menos dez barragens (a de Brumadinho inclusive). O MPGM denunciou à Justiça, por homicídios duplamente qualificados, o ex-presidente da Vale Fabio Schvartsman e outros 11 funcionários da mineradora, além de cinco empregados da empresa alemã Tüv Süd.
DA VALE:
Fabio Schvartsman (diretor-presidente);
Silmar Magalhães Silva (diretor do Corredor Sudeste);
Lúcio Flavo Gallon Cavalli (diretor de Planejamento e Desenvolvimento de Ferrosos e Carvão);
Joaquim Pedro de Toledo (gerente-executivo de Planejamento, Programação e Gestão do Corredor Sudeste);
Alexandre de Paula Campanha (gerente-executivo de Governança em Geotecnia e Fechamento de Mina);
Renzo Albieri Guimarães de Carvalho (gerente operacional de Geotecnia do Corredor Sudeste);
Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo (gerente de Gestão de Estruturas Geotécnicas);
César Augusto Paulino Grandchamp (especialista técnico em Geotecnia do Corredor Sudeste);
Cristina Heloíza da Silva Malheiros (engenheira sênior junto à Gerência de Geotecnia Operacional);
Washington Pirete da Silva (engenheiro especialista da Gerência Executiva de Governança em Geotecnia e Fechamento de Mina);
Felipe Figueiredo Rocha (engenheiro civil, atuava na Gerência de Gestão de Estruturas Geotécnicas).

DA Tüv Süd:
Chris-Peter Meier (gerente-geral da empresa);
Arsênio Negro Júnior (consultor técnico);
André Jum Yassuda (consultor técnico);
Makoto Namba (coordenador);
Marlísio Oliveira Cecílio Júnior (especialista técnico).

Foram de 12 milhões de toneladas de metros cúbicos de rejeitos tóxicos da barragem da Vale que destruiu uma área de 300 hectares de terras. A contaminação do rio Paraopeba até o município de Pompéu, a 223 km do local do crime, fez sua água antes potável ser proibida para o consumo.

Fontes: Folha de São Paulo, Brasil de Fato, Conversa Afiada.

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