Manhã de sábado como de costume, chuvoso em Irará, seu Zé já está vendendo sua farinha e seu feijão quando por volta das oito horas c...

Dia de Feira


 Manhã de sábado como de costume, chuvoso em Irará, seu Zé já está vendendo sua farinha e seu feijão quando por volta das oito horas chega até ele seu freguês Chico.
(Chico) _ Bom dia Zé. Como vai?
(Zé) _ Bem Chico. E tu como vai?
(Chico) _ Estou bem Zé.
(Zé) _Quem não está bem é o Brasil com essa família no poder. 
(Chico) _ Verdade, até fazendo cirurgia aquele cara para pra falar besteira. 
(Zé) _ Tiraram aquele filme que ia ter com Seu Jorge, não foi Chico?
(Chico) _ Foi o do Marighela. Ainda proibiram de mostrar o do Chico Buarque no Uruguai. 
(Zé) _ Isso que eles estão fazendo é censura!   
(Chico) _ Verdade.
(Zé) _E esse dinheiro do FGTS, isso aí é pra tapear o povo, muito mais ele vem tirando da gente agora vem com esses quinhentos aí.    
(Chico) _ Só de ele ter tirado aposentadoria com essa reforma. Como é que pode quarenta anos contribuindo!
(Zé) _ É um absurdo mesmo. Ainda vai aquele procurador lá e reclama que vinte e quatro mil é pouco. Manda ele viver com novecentos e noventa.
(Chico) _ Também acho. Adianta de nada o salário deles ser alto eles roubam de qualquer jeito.
(Zé) _ Esse aí deve ser da laia de moro mais Deltan.
(Chico) _ Com certeza. Me dá minha farinha que vou embora, já terminei a feira.
(Zé) _ Mas as coisas vão melhorar o povo já tá se arrependendo e teve até aquele protesto dos cara pintada.
(Chico) _ Vai acordar, tomara que antes dele vender tudo. Até sábado. 
(Zé) _ Até Chico. Dê lembrança a dona Bina.
(Chico) _ Digo sim, pode deixar.

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