Mais uma manhã de sábado com sol na feira livre em Irará, seu Zé está
vendendo sua farinha e seu feijão, as oito horas Chico chegou pra comprar sua
farinha:
(Zé) _ Bom
dia Chico!
(Chico) _ Bom
dia Zé! E essa farinha hoje tá com preço normal ou igual a carne?
(Zé) _ Tá
normal, o preço da carne é que não para de subir.
(Chico) _Teu
presidente acha bom porque os fazendeiros estão ganhando mais dinheiro.
(Zé) _ Aquele
“fio d’uma vaca” ele e o rebanho dele merecem uma surra de taca.
(Chico) _ Aquele
miserável não tá nem aí que pobre fique sem comer carne.
(Zé) _ Pior que ele, é quem é pobre e defende ele.
(Chico) _ Não
bastasse isso ainda tirou dez reais do aumento do salário.
(Zé) _ Gás nas
altura, energia todo dia sobe, água fica cara quando chega a estiagem e ainda
agora a carne. Já vi que o programa dele é acabar com a pobreza matando os
pobres.
(Chico) _ E os
que não morrer de fome eles vão matar é na bala. Toda hora essa conversa de
arma, a polícia só mata preto quando sobe o morro.
(Zé) _ ‘Tá’ aí
duas coisas que eles odeiam: pobre e preto, e se for os dois, a pessoa não é nem
gente pra eles.
(Chico) _ E os fãs
vão seguindo. Teve aquele mesmo que não quis receber a prova da professora
porque ela é negra.
(Zé) _ Foi,
vi no jornal de meio-dia.
(Chico) _Os índios
eles estão matando na floresta. Não sei o que vai ser do Brasil.
(Zé) _ Todo
dia digo: tem que tirar esse homem de lá, ou a gente acaba com ele ou ele acaba
com a gente.
(Chico) _Verdade
Zé.
(Zé) _
Espero que seja logo.
(Chico) _ Me dá
aí farinha e feijão que eu já vou.
(Zé) _ Até sábado.
(Chico) _Até!
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