Mais uma manhã de sábado com sol na feira livre em
Irará, seu Zé está vendendo sua farinha e seu feijão, as oito horas e meia
Chico chegou pra comprar sua farinha:
(Chico) _Bom dia Zé,
como foi de festa?
(Zé) _Bom dia
Chico, em paz, e você?
(Chico) _Bem também
graças a Deus, fui mesmo só apreciar a charanga na lavagem sexta-feira.
(Zé) _Nem na rua eu
vim Chico.
(Chico) _Num perdeu
nada não viu Zé. O povo aproveitou a lavagem pra sair fazendo campanha, cada
político com suas camisas.
(Zé) _Deve ter sido
uma maravilha, pra não dizer o contrário.
(Chico) _Agora Zé foi
tanta gente que não deu nem pra ouvir a charanga direito.
(Zé) _Mudando de
pau pra pedra, tu viu que fez um ano o caso de Brumadinho?
(Chico) _Vi Zé, a
empresa lucrando e o povo na merda, tem gente que nem encontrou um corpo pra
enterrar.
(Zé) _O que é que a
ganância do homem não faz.
(Chico) _Que tristeza
Zé pro povo de Minas, ainda mais agora com as chuvas que os mais pobres tão
sofrendo.
(Zé) _ O povo do
sudeste tem sofrido, primeiro Mariana, depois Brumadinho.
(Chico) _E esse
governo não ‘tá’ nem aí. Você viu a cachorrada de demitir, contratar e demitir
de novo o amigo deles.
(Zé) _ Vi sim
Chico, cada dia é uma atrapalhada maior que a outra.
(Chico) _Vou seguindo
que ainda vou terminar a feira.
Me vê um
litro de farinha aí Zé.
(Zé) _Tá aqui
Chico. Dê lembrança ao pessoal lá.
(Chico) _Digo sim. Até
sábado.
(Zé) _Até.
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